Lá estava ele, o compositor. Teimando com uma nota que não queria sair. Rabiscava uma, duas notas até. Mas nada da música sair... Assoviava qualquer coisa, balançava a cabeça, caminhava impaciente sobre o tapete, de cá pra lá, de lá pra cá, depois voltava a se sentar no piano. O coração batia forte. Fechava os olhos a procura de inspiração e lá estava ela novamente em seus pensamentos, a figura da mulher amada. Aquela que o havia aquecido e amado em muitas frias madrugadas....
Seus olhos se enchem de lágrimas. Lágrimas de saudades... Desesperado deixa novamente o piano e vai até a janela. É primavera! O jardim está florido e o seu olhar pousa na rosa que era preferida dela. Ante tantas lembranças seu coração outra vez dilacera. Uma chuva fina começa a cair. O céu está nublado, cor de cinza, como sua alma. Na rua pessoas passam apressadas... Passaros se refugiam nas árvores e as crianças, ainda correm numa gritaria danada...
Dentro de casa, o compositor poeta, se sente excluído daquele burburinho chamado VIDA... De repente uma raiva surda cresce dentro de seu peito... Então pensado naquilo, e também em horizontes longes, praias desertas de luares prateados, senta-se na frente do piano e começa a tocar uma melodia forte, suave, triste, terna e romântica como a querer protestar toda sua solidão... Depois que termina de tocar, sorri contente, feliz da vida e enxuga o suor da testa...
Ah...Compositor poeta que com sua música compôes versos de amor, saiba que fostes a inspiração mais doce neste momento de emoção para esta mulher que também já sofreu e se transfigurou na Arte ,por amor.