sexta-feira, 16 de julho de 2010

O COMPOSITOR (conto)

Lá estava ele, o compositor. Teimando com uma nota que não queria sair. Rabiscava uma, duas notas até. Mas nada da música sair... Assoviava qualquer coisa, balançava a cabeça, caminhava impaciente sobre o tapete, de cá pra lá, de lá pra cá, depois voltava a se sentar no piano. O coração batia forte. Fechava os olhos a procura de inspiração e lá estava ela novamente em seus pensamentos, a figura da mulher amada. Aquela que o havia aquecido e amado em muitas frias madrugadas....
Seus olhos se enchem de lágrimas. Lágrimas de saudades... Desesperado deixa novamente o piano e vai até a janela. É primavera! O jardim está florido e o seu olhar pousa na rosa que era preferida dela. Ante tantas lembranças seu coração outra vez dilacera. Uma chuva fina começa a cair. O céu está nublado, cor de cinza, como sua alma. Na rua pessoas passam apressadas... Passaros se refugiam nas árvores e as crianças, ainda correm numa gritaria danada...
Dentro de casa, o compositor poeta, se sente excluído daquele burburinho chamado VIDA... De repente uma raiva surda cresce dentro de seu peito... Então pensado naquilo, e também em horizontes longes, praias desertas de luares prateados, senta-se na frente do piano e começa a tocar uma melodia forte, suave, triste, terna e romântica como a querer protestar toda sua solidão... Depois que termina de tocar, sorri contente, feliz da vida e enxuga o suor da testa...
Ah...Compositor poeta que com sua música compôes versos de amor, saiba que fostes a inspiração mais doce neste momento de emoção para esta mulher que também já sofreu e se transfigurou na Arte ,por amor.

EXPLODINDO EM SENTIMENTOS

Tantos sonhos perdidos... Tantas lágrimas caídas... Tantas amarguras na vida, fazendo-nos enxergar a realidade crua e fria. Tantas solidão na noite, tanta escuridão no dia, tantas desperdiçadas poesias, contam o segredo de uma vida... Tantas ilusões acabadas, tantas vozes sufocadas na alma, tantas recordaçõesperdidas no vento, tantas alegrias de momentos fazem os peitos explodirem em sentimentos.....

JANUÁRIO CANÁRIO (conto )

Januário, pobre velho campeiro, passava horas em frente ao fogareiro ascendendo seu palheiro. Olhar cansado, perdido ao longe contava histórias em dias de ventania, para os peões galponeiros, lembrando antigos tempos que não voltavam mais. Saudades daqueles dias felizes de sua vida. As vezes escutava uma ou duas vozes perdidas no tempo, trazidas por um vento de recordações, então sorria. Enxugando as lágrimas mal contidas de seu rosto, preparava um mate, companheio fiel das tardes de inverno, depois ia se sentar num canto do galpão com seu chimarrão, para aquentar seu vazio coração, enfiado em sua solidão.
Depois quando anoitecia ele pegava o violão e fazia de toda sua solidão uma triste canção... Agora imagine, quantos não passaram por estas estradas da vida e não viram um galpão em cima de uma coxilia, cheio de estrelas por cima e não se depararam com aquele velhinho simpático com um violão debaixo do braço, um chimarrão ao lado, cantando canções de solidão e amor, sem saber que era Januário Canário, o campeiro solitário que envelheceu antes do tempo, por um amor perdido no vento....

POEMA DO ANOITECER

O manto negro da noite,
vem chegando devagar,
tomando conta do céu...
Aqui e ali vejo estrelas nasceram...
Á luz da lua vou escrevendo versos
enquanto espero...
Espero o que? Eu mesma não sei!!!
As horas vão se arrastando...
O poema já vai acabando...
O manto negro da noite chegando
e eu esperando, esperando...
Esperando não sei o que...
Só o amanhecer irá me dizer.