Januário, pobre velho campeiro, passava horas em frente ao fogareiro ascendendo seu palheiro. Olhar cansado, perdido ao longe contava histórias em dias de ventania, para os peões galponeiros, lembrando antigos tempos que não voltavam mais. Saudades daqueles dias felizes de sua vida. As vezes escutava uma ou duas vozes perdidas no tempo, trazidas por um vento de recordações, então sorria. Enxugando as lágrimas mal contidas de seu rosto, preparava um mate, companheio fiel das tardes de inverno, depois ia se sentar num canto do galpão com seu chimarrão, para aquentar seu vazio coração, enfiado em sua solidão.
Depois quando anoitecia ele pegava o violão e fazia de toda sua solidão uma triste canção... Agora imagine, quantos não passaram por estas estradas da vida e não viram um galpão em cima de uma coxilia, cheio de estrelas por cima e não se depararam com aquele velhinho simpático com um violão debaixo do braço, um chimarrão ao lado, cantando canções de solidão e amor, sem saber que era Januário Canário, o campeiro solitário que envelheceu antes do tempo, por um amor perdido no vento....
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