Num certo anoitecer, quando eu estava na janela com a caneta e o papel na mão, pronta para escrever mais um poema, vi um vulto solitário caminhar pela rua escura, cabisbaixo. Fiquei pensando: -Quem seria aquele vulto tão solitário? Será que aquele vulto era de alguém que estava procurando outro alguém para preencher seu coração? Não sei... Só sei que agora toda noite fico esperando, com papel e caneta na mão, aquele vulto solitário passar.
Uma noite, quando eu estava esperando-o passar como sempre, sem olhar e nada falar, me surpreendi ao vê-lo parado me encarando com um sorriso triste no pálido rosto. Foi aí que descobri que aquele triste vulto era de um moço solitário que havia perdido seu grande amor.
Certa noite, cansada de olhar a vida janela, resolvi sair e caminhar á luz do luar, contemplando as calçadas molhadas pelo sereno da noite. E nesta mesma noite em que eu seguia com as mãos nos bolsos, vi o vulto solitário daquele triste moço se iluminar pela primeira vez ao encontrar o meu olhar banhando de amor e poesia...