Nasci com a poesia e o dom da palavra em mim. Por isso sou poeta, poetisa, escritora. Sempre com um livro do lado e um caderno e caneta debaixo do braço. No início eu só lia, lia muito os poemas, as poesias e os romances de outros poetas e escritores famosos. As vezes até ás copiava no caderno. Era esquisito ver uma menina de nove anos ler romances de Machado de Assis e poesias de Cecília Meireles entre outros, como uma pessoa "grande"! Mas em questões de Literatura eu era assim mesmo, precoce! Eu adorava ler os clássicos da literatura brasileira e os grandes poetas (Coisa que ainda faço)! Resultado: Virei romântica, liríca, com um romantismo que nem existe mais hoje em dia. No entanto ,só fui me descobrir poeta mesmo, numa noite de verão quando passava férias na casa de meus tios na cidade de Restinga Sêca, no interior do RS e conheci aquele que foi o meu primeiro amor. Aquele que nunca esquecemos e que vivem para sempre, nas recordações, no fundo de nosso peito. Ele já fazia parte da minha''turminha'' de amigos, mas nunca eu o tinha olhado com outros olhos como o olhei ''aquela''noite! Era uma noite enluarada de carnaval, repleta de estrelas de prata no céu. Noite típica de verão poético . A casa de meus tios era um casarão antigo com escadas na frente, duas portas e uma janela bem no centro da cidade , que naquele tempo se constituía numa só Avenida de dois lados, separada por um canteiro de árvores com flores cor de rosa, em frente á um dos principais ''points'' da cidade que era o bar-restaurante e sorveteria de seu Sílvio Noro. Como sou a filha temporã de meus pais, caçula de três irmãos e duas irmãs por parte de pai, não pude ir no carnaval que estava tendo no clube, então fiquei em casa com meu pai e meu tio, que já não gostavam tanto assim de Carnaval. Sozinha, me sentei nas escadas, em frente a casa olhando a quietude de Restinga Sêca e a beleza do luar que prateava o calçamento da rua, enchendo de brilho meus pequenos olhos castanhos, me enchendo de estranhos sentimentos e poéticos devaneios dentro do peito. Estava assim bem encantada e absorta quando ELE passou de bicicleta, me viu e parou para me cumprimentar. Então tudo aconteceu! O tempo parou no olhar e no sorriso daquele menino. Eu era uma ''guriazinha'' tímida" naquela época, por isso não trocamos muitas palavras. ELE se sentou ao meu lado, em silêncio por alguns instantes, depois sorriu com aquele sorriso mágico que acelerava o coração em meu peito e começou a falar da noite, do tempo, do carnaval e das estrelas. Enquanto ele falava eu quieta apenas o olhava, embasbacada, sem palavras, completamente apaixonada! Quando enfim tomei coragem para falar com ele, meu pai me chamou de dentro de casa e ainda quieta, com um olhar daqueles que dizia mais do que mil palavras, me despedi dele e entrei quase correndo, com medo de dizer alguma bobagem! Depois daquela noite, nunca mais fui a mesma! Vivia suspirando pelos cantos, numa micêlanea de sentimentos! Bem que eu tentei falar para os meus irmãos, os meus primos e primas, para minhas amigas o que eu estava sentindo! Mas ninguém, ninguém absolutamente me ouvia! Foi então que resolvi me queixar ao meu pai,( o mesmo pai que só mais tarde descobriu que havia interrompido um grande momento de magia de sua filha). Ele quieto me ouviu e disse: "- De tanto ler estes romances guria, tu já estás virada numa poeta, poetisa sabia?!" - ingênua perguntei - "-Poeta, poetisa? Como dos livros?" - "É!"- "Conheço o que é um poeta, mas não sei o que É ser poeta!"- "Poeta é aquele, ou aquela que coloca todos seus pensamentos e sentimentos para fora, escritos num papel, em formas de versos e rimas! Ou prosa poética! E depois não há melhor confidente do que o papel e a gente mesmo! Porque não tenta, escreve, diga o que sente no papel, faça como os teus escritores e poetas preferidos!" E foi o que fiz. Pqguei Caneta e papel e comecei escrever tudo, mas tudo mesmo que eu estava sentindo e pensando naquele momento. Minha mãe vendo o que eu fazia, me comprava lindos cadernos de capa dura com motivos poéticos, os quais guardo com carinho até hoje, e canetas de todas as cores. Que eu simplesmente"amava". Pra terminar a história, fiquei muito tempo apaixonada platônicamente por aquele garoto, até metade de minha adolescência! Só cuidando-o de longe, sem envolvimento nenhum. Ele nem gostava de mim! No entanto ele foi o meu ideal poético, muso inspirador por muito tempo! Com o tempo outros vieram! Mas nenhum foi como ele! Graças á ele, ao sentimento que me inspirou e ao apoio de meu pai e minha mãe, aqui estou eu, crescida, adulta, mas ainda uma guria-poeta, poetisa-menina!
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